Segmento voltado a radioescutas, DXistas e radioamadores que relatam sua trajetória no rádio, eles mesmos, em suas próprias palavras. A gratidão a estes, que gentilmente compartilham sua vida na radio-comunicação, estimulando a tantos outros que seguem o mesmo caminho.
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FABRICIO SILVA
Radioescuta (SWL)
Tubarão é uma cidade muito aprazível, no Sul de Santa Catarina, localizada entre a serra e o litoral. Já foi uma das maiores forças ferroviárias do sul do Brasil e também um grande centro formador de padres, com forte tendência católica. Foi nessa cidade, nos idos de 1978 que nasci, em meio a uma família de ferroviários.
Meu pai, assim como a grande maioria dos ferroviários da cidade, era torcedor do já extinto Ferroviário Futebol Clube. Lembro-me das tardes ensolaradas de domingo do fim da década de 80, em que íamos ao estádio assistir aos jogos de nosso clube do coração – sempre acompanhados de um amigo fiel, que nos fazia entender melhor o que estava acontecendo lá no gramado: um rádio portátil. Estava nascendo aí minha paixão por este meio de comunicação.
Por volta dos 8 ou 9 anos de idade, comecei a tomar emprestado o rádio de meu pai para ouvi-lo à noite, em meu quarto. Enquanto o restante da família assistia TV, eu me deliciava ouvindo programação de emissoras de Ondas Médias da região. Foi numa dessas ocasiões que ocorreu um pequeno acidente (ainda bem!): adormeci com o rádio ligado e, ao acordar, no meio da noite, percebi que se falava de fatos em outro estado brasileiro – era o meu primeiro DX!
Pouco tempo depois, eu já estava escutando regularmente a Rádio Gaúcha, em Ondas Médias, com atenção principal em seus programas esportivos que se estendiam até bem depois da meia-noite. Lembro-me que ficava maravilhado em poder ouvir uma emissora de tão longe em meu radinho “de pilha”. Mas eu nem imaginava o que ainda me esperava.
Por volta de 1991, ouvindo um outro rádio portátil que pertencia a meu irmão (o qual adorava as programações das “recentes” FMs), um novo acidente arremessou-me para a experiência radiofônica mais fascinante que tive na vida: esbarrei no seletor de ondas, e passei a ouvir umas vozes meio distorcidas e um certo chiado ... o que seria isso? Percebi que ao encostar a mão na antena telescópica, aquelas vozes ficavam bem mais inteligíveis. “Você está ouvindo o programa brasileiro da BBC de Londres” – debutei no mundo das Ondas Curtas sob a voz de Ivan Lessa e seu clássico programa de ensino de inglês “Uma frase por minuto”.
Não tardou para que outras das maiores emissoras pipocassem no meu dial, sob a audiência de meus ouvidos ávidos: Rádio Moscou, Voz da América, HCJB, RAE, Rádio Aparecida, Radio Habana Cuba, e outras. Aquele mundo era fascinante para mim – um garoto de 13 anos que já se envolvia diretamente nas discussões sobre o boicote americano à Cuba, a desintegração da União Soviética e outros assuntos. Estava germinando uma outra paixão em minha vida que acabou se tornando minha formação acadêmica, ao longo dos anos: Relações Internacionais.
À esta época eu já possuía um rádio – muito modesto é verdade – mas meu, e com ele eu podia fazer minhas experiências com antenas: se tratava de um receptor Cougar, com gravador de fitas cassete. Comecei a escrever para as emissoras, das quais recebia materiais. Lembro-me com especial afeição da Rádio Moscou que me presenteou com um pequeno manual ensinando a construção de antenas de L invertido. A partir daí, comecei a ouvir emissoras que me eram bem interessantes, como a RAI, a Rádio Marti, a Voz da OEA (alguém se recorda desta emissora?) e tantas outras. Eram duas paixões que se alimentavam mutuamente: o interesse pelo ambiente internacional e pelo rádio em si.
Ouvi muito rádio, eventualmente coletando alguns QSLs, até meados de 1997, quando cessei com esta atividade. E fiquei um bom tempo parado.
Em 2004, entrei para a Faculdade de Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – onde comecei a dar os primeiros passos para um velho sonho, o qual ainda persigo: tornar-me diplomata. Em meio aos meus estudos, logo percebi como os conhecimentos que adquiri com os programas/materiais das emissoras, anos antes, me davam um suporte muito interessante e deveras valioso. Não hesitei. Em inícios de 2005, adquiri um receptor, também modesto, mas já bem melhor do que todos os meus antecessores: um Lenoxx Sound, analógico.
Claro que o trabalho e os estudos universitários consumiam grande parcela de meu tempo, mas a partir de 2005, comecei a procurar por emissoras menos convencionais, como a Radio Tashkent, do Uzbequistão, da qual, inclusive, obtive QSL, e outras. Além disso, sempre atentava muito aos comentários políticos da Voz da Rússia, da Voz da república Islâmica do Irã e de outras emissoras internacionais. Nessa época, creio que eu me classificasse como uma mescla de Dxista e radioescuta. Em 2008, ao me bacharelar em Relações Internacionais, finalmente meu orçamento me permitiu adquirir um rádio que realmente desse fôlego ao meu apetite por DX. Era o meu Sony ICF sw7600 GR, ao qual cedo acoplei uma antena Loop Blindada, obtendo resultados muito interessantes. Que maravilha, agora estava eu podendo de fato perseguir uma Rádio Eco da Bolívia, a Yura às vezes, por que não umas peruanas? Eram emissoras que, não raramente, eu ouvia reportadas no programa “Atualidade DX”, da RAE, mas que sabia que com os equipamentos que possuía antes, não conseguiria captar. Esse upgrade animou-me muito, e então passei a participar da lista radioescutas@, onde conheci grandes amigos e profundos conhecedores das técnicas do Dxismo, como o Ivan Dias, o Sarmento Campos, o Adalberto Marques, o Rudolf Grimm, entre outros.
Atualmente, aos 32 anos, impulsionado pela avalanche de fechamento de emissoras de radiodifusão, tenho me interessado pela escuta de radioamadores, filão que tem se mostrado muito profícuo, e que ainda pretendo explorar bastante. Contudo, a escuta de radiodifusão jamais é deixada de lado, tanto por ser uma fonte fidedigna de obtenção de informações acerca de questões internacionais contemporâneas, quanto por ser uma prática prazerosa em si mesma. Espero poder contribuir ainda por muito tempo com o Dxismo e a radioescuta – e assim retribuir ao hobby ao menos uma fração dos bens intangíveis que ele me proporcionou.
Fabrício Andrade Silva
11.09.2010
FABRICIO, AQUI É O SOUZA NEVES DE GOIANIA, PP2BBD, OK? ACHEI VC POR AQUI NESTE SITE; RESPONDI O TEU QSL, FICO CONTENTE EM CONHECER COLEGAS DISTANTES, ESPERO UM DIA NOS CONHECERMOS PESSOALMENTE. OK? PRAZEIRAÇO ENORME TODO MEU, MEU CARO.
ResponderExcluirSOUZA NEVES PP2BBD E PX9B8697